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sexta-feira, 27 de abril de 2012

GOTA - Hiperuricemia

Caso clínico: GOTA




O Sr. HDF, 58 anos, sexo masculino, negro, caminhoneiro, procedente, procurou o ambulatório do Pronto Socorro queixando-se de forte dor no hálux direito.

O paciente chegou ao ambulatório calçando um chinelo no pé direito porque não conseguia colocar o sapato. O paciente relata que o problema se iniciou há três dias. No primeiro dia tomou Tylenol que não fez nenhum efeito. Passou então a tomar um comprimido de Melhoral de 6 em 6 horas. A dor aliviou um pouco, mas notou que o pé também estava ficando inchado e quente.

Continuou tomando Melhoral 3x/dia.Procurou atendimento porque acordara de madrugada com muita dor e que até o toque das cobertas o incomodava demais. Sentia muita dor no dedo e o pé estava muito inchado, vermelho, o que o impedia de calçar o sapato.

O paciente relata também que sente dores nas articulações desde os 40 anos de idade e que nunca procurou atendimento achando que deveria ser um reumatismo e que se tratava tomando Aspirina, Melhoral, chás que alguém recomendava. Mas que desta vez a coisa ficou feia. O paciente relata que bebe “socialmente (gosta de cerveja). Tem um histórico de hipertensão e que toma um diurético (clorotiazida) e um anti-hipertensivo (Enalapril).

Ao exame físico o paciente apresentava temperatura axilar de 37º C; frequência cardíaca de 98 bpm e pressão arterial de 155 x 100 mmHg; altura 1,70m; peso 89kg. Além do edema observado no hálux direito o paciente também apresentava discreto edema nas demais articulações metatarsofalengeanas e nas articulações dos dedos da mão.
Dados laboratoriais: Hemograma completo normal; Cálcio 9,2mg/dl; Fosfato 4,3 mg/dL; Prova de função hepática e renal normais; Urinálise normal; Fator reumatóide normal; Ácido úrico 10,4mg/dL


TRATAMENTO:
Foi medicado com Arcoxia 120mg (um comprimido uma vez ao dia) e Colchicine 0,5mg (uma cápsula três vezes ao dia) e recomendou que o paciente retornasse assim que melhorasse.
Após 15 dias o paciente retorna assintomático e recebe orientações comportamentais e dietéticas.


ABORDAGEM DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE A CRISE DE GOTA:


A Gota é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue e surtos de artrite aguda secundários ao depósito de cristais de monourato de sódio. Entretanto, somente 20% dos hiperuricêmicos terão gota. Ou seja, ter ácido úrico alto não é igual a gota. Manifestando crises de artrite, provocando dores insuportáveis.  

Assim, a equipe de enfermagem deve realizar algumas condutas, diante do diagnóstico de enfermagem, visando minimar a crise:

Diagnóstico:

·         INSONIA, caracterizada pela dificuldade para adormecer, relacionada ao desconforto físico. 
·         MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA, caracterizada pela capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras finas e grossas, relacionada à dor. 
·         DÉFICIT NO AUTOCUIDADO PARA VESTIR-SE, caracterizada por capacidade prejudicada de calçar meias, sapatos, vestuário necessário, relacionada a dor. 
·         RISCO DE INTEGRIDADE DA PELE PREJUDICADA, relacionada a imobilização física. 
·         RISCO DE QUEDAS, relacionada a mobilidade física prejudicada.
·         CONFORTO PREJUDICADO, caracterizado pela incapacidade de relaxar. 



Para alívio da dor:

1. Colaborar com o cliente na identificação de métodos para reduzir a intesidade da dor;

2. Relatar com cliente a sua aceitação de sua resposta à dor 
a) Reconhecer a presença da dor;
b) Ouvir atentamente as descrições de dor;
c) Transmitir que a innvestigação da dor é para melhor entender a sua natureza;

3. Dar passos na redução do medo e na correção de informacões incorretas
a) Explicar as causas da dor;
b) Relatar o quanto a dor irá durar, se souber;
c) Se indicado, proprocionar informacões corretas para reduzir o medo de adição ao medicamento para dor.

4. Proporcionar ao Cliente privacidade em sua experiência de dor;

5. Proporcionar o alívio ideal da dor com analgésicos prescritos
a) Usar uma abordagem preventiva; instruir o cliente a solicitar medicação para dor conforme necessário antes que ela se torne severa;
b) Após administração da medicação para alívio da dor, retornar em meia hora para pedir ao cliente que estime a severidade da dor. Comparar com a estimativa anterior à administração da medicação para avaliar o alívio proporcionado;

6. Administrar medicamentos que aliviam a dor e ensinar a auto-administração, conforme prescritos em caso de retorno ao domicílio;

7. Incentivar o aumento da ingesta hídrica para ajudar na excreção do ácido úrico e reduzir a possibilidade da formação de cálculos;

8. Instruir o paciente sobre a necessidade de tomar os medicamentos prescritos de maneira regular, porque as interrupções no tratamento pode precipitar crises agudas ou causar cronicidade da doença;

Mobilidade física deficiente devida à artrite

1. Elevar e proteger a articulação afectada durante as crises agudas
2. Ajudar nas atividades diárias
3. Incentivar exercício e a manutenção de uma atividade rotineira na gota cronica, exceto durante as crises agudas
4. Proteger os tofos que estejam drenado, cobrindo e aplicando pomadas de antibiotico, coforme necessárias.  



De acordo com Brunner & Smeltzer (2009), a manutenção do peso corporal normal deve ser incentivada. Em um episódio agudo de artrite gotosa, é essencial o controle da dor, com os medicamentos prescritos, juntamente com a prevenção dos fatores que aumenta a dor e inflamação, como trauma, estresse e álcool


Referências:

CARPENITO, Lynda Juall. Planos de cuidados de enfermagem e documentação: Diagnóstico de enfermagem e problemas colaborativos. 2 ed. Porto alegre: Artmed, 2002. p.219-329.



DIAGNÓSTICO de enfermagem da NANDA: Definições e classificação-2009-2011/ NANDA Internacional; tradução Regina Machado Garcez.- Porto Alegre: Artmed, 2010. 456 p. 

SMELTZER, Suzanne C.et. Al.. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 11ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.v. 3. p.1623-1625.

SMELTZER, Suzanne C.et. Al.. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 11ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. V.1. p.214-230.